quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Passaporte

Escrever é algo estranho.
As pessoas vivem perguntando “De onde você tira as suas idéias? De onde elas surgem?”
A resposta? Do nada.
Sim, pois todas as vezes que me sento com meu caderno (sim, eu ainda sou do tempo da caneta e papel, crianças), vejo apenas uma folha em branco. Porém...
Escrever é como uma necessidade. É como ir ao banheiro. Mas o processo é muito mais limpo e divertido.
Eu adoro escrever. Faz bem à minha alma.
Até pouco tempo atrás eu estava em dúvida se eu seguia essa vocação ou não. Confesso que, em vários momentos, me vi tentado a não trilhar esse caminho. Até joguei fora antigas estórias e anotações em determinada ocasião.
Felizmente, mudei rapidamente de opinião.
Mas estou desviando do assunto...
Quando olho para uma folha branca, eu não vejo uma folha branca. Ok, eu vejo uma folha branca (afinal de contas, não sou usuário de alucinógenos ou algo do gênero), mas não é apenas isso... Eu vejo possibilidades.
Possibilidade de criar pessoas com sonhos tão reais quanto os meus e os seus. Com problemas iguais aos nossos. E com uma característica comum a todos nós: elas também podem triunfar.
Nessas páginas está o passaporte para outros mundos, outras pessoas e até sentimentos. Sim, pois tudo o que eu escrevo tem base na realidade.
O som da caneta deslizando sob o papel é indescritível. Na minha opinião, só tem outra coisa que supera isso (escreverei sobre isso uma outra hora)... É um momento único... os movimentos ritmados... os músculos do corpo (sim, essa é uma atividade física como qualquer outra) se adequando a esse ritmo. Os olhos acompanhando algo ser criado... a respiração fica diferente... É quase como dançar sozinho.
Escrever é uma atitude sagrada e solitária.
Mas não é uma solidão do tipo Byron... é algo necessário. Eu posso escrever em uma sala com mais vinte pessoas, mas eu não estou realmente ali. Minha imaginação está longe daquele local.
Escrever é algo quase clandestino hoje em dia... não me entendam mal, nunca escrevemos tanto quanto hoje. Existem e-mails, celulares (você pode escrever usando um telefone!) e diversos tipos de comunicadores pessoais. Milhares de e-mails e recados são passados adiante em velocidades jamais sonhadas por nossos antepassados.
Mas será que realmente escrevemos aquilo que pensamos e sentimos?
Eu recebo diversos e-mails diariamente. Mensagens via celular. E recados. Mas é raro receber uma carta.
Cartas ainda são o meio mais pessoal (via escrita, claro) de se comunicar com outra pessoa. Com a tinta e o papel você pode criar coisas que máquinas não podem criar. Você passa um sentimento impossível de ser reproduzido e enviado em cópia oculta para sua lista de e-mails.
Ver uma carta endereçada a você é uma sensação muito boa. O peso do papel... o cheiro dele... as possibilidades que ela traz... Seriam notícias de um local longínquo? Comunicação de uma herança de um tio rico desconhecido? Uma declaração de amor, talvez? Ou um aviso de que a conta de luz está novamente atrasada?
Todas as vezes que recebo uma carta vou para o meu quarto. É como se alguém quisesse me contar um segredo que eu não devo compartilhar com mais ninguém.
E a resposta é um momento incrível. Tenho todo um ritual para escrever minhas cartas. Gosto de sentar em minha poltrona e viajar com as palavras. Ser levado pelo que sinto.
Enfim, o que estou tentando mostrar aqui é que eu amo escrever. É uma das forças motrizes de minha existência. E é o que eu sei fazer de melhor.
A propósito, vocês têm noção de quanto custa um caderno?
(Trilha do dia: "Full Circle", Aerosmith)

3 comentários:

Angel disse...

Tu escreve bem mas essa postagem nunca funciona...

Angel disse...

Fog Fog...

Trabalho de parto aqui mesmo sem criança alguma, nossa foi algo... Sem noção... Mas tudo bem agora a postagem está 100%

Tudo pela arte da escrita ;)

A-do-rei o teu blog mesmo... Tá ficando excelente. Gosto do jeito que escreve e do humor utilizado... É leve e gostoso (hehe não me interpreta mal ein...)

Abraço Ângela.

Angel disse...

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